terça-feira, 25 de julho de 2017

ANJOS EXISTEM?

Tinha esquecido a cortina aberta.
O dia clareou eu acordei, mas não me mexia.
Pensei: será que morri?
Tentei novamente me mexer e nada, sem condições.
Inerte meu corpo não obedecia o comando da vontade.
Ops! Mexi o braço, mas com muita dor. Tentei mexer a perna, que dessa vez consegui, mas com uma dor geral, cortante e limitante.
Deus! O que teria acontecido?
Será que morri? Pensei de novo...
Me deitei de volta e fiquei pensando no que fazer, como agir.
Rezei um pouco, como toda pecadora nesses momentos e comecei as buscas: liguei pra alguns conhecidos, colegas de trabalho e ninguém atendeu.
Com muito esforço consegui me levantar, me arrastar até o banheiro e  ficar embaixo do chuveiro, nem sei quanto tempo, numa água bem quente, contrastando com o frio invernal de 18 graus lá fora.
Não sei mesmo quanto tempo fiquei,  rezei mais um pouco e fiquei pensando como iria me enxugar, nada mexia! Pra fechar a torneira deu trabalho.
Uma dor e um travamento terrível.
A duras penas consegui me vestir, mas os cabelos não consegui pentear.
Gritei varias vezes pela vizinha ou pensei que gritei, pois não tinha forças. Daí voltei as ligações e só quem me atendeu foi o Uber, depois de confirmar a corrida e acessar o whatsapp do motorista. Nesse instante alguém me respondeu, pelo whatsapp, mas não pôde me socorrer... Uma pena, foi a pessoa errada!
Ah, tinha a escada: como eu ia descer? Desci um vão e qdo cheguei no térreo o carro chegou igual. O motorista veio me ajudar e me colocou pra dentro.
Disse o destino e ele seguiu com toda cautela, pois o balançar do carro tilintava meus ossos.
Chegando no hospital me retirou e me deixou na recepção. Pegou a senha pra mim, pediu o celular pra ligar pra alguém e ninguém novamente atendeu. Então me deixou lá e partiu.
Fui atendida rápido, só tinha uma pessoa na minha frente. Pelo menos Deus estava comigo.
O médico não foi dos melhores, pouco me olhou, me mandou pra medicação e me liberou. Mesmo travada.
Liguei novamente pra um monte e, meu Deus! Ninguém atende nessas horas!
O jeito era ligar pro Uber de novo, que naquele momento foi o anjo que Deus vestiu pra mim.
Ele veio, me levou pro carro e me levou ate la em cima no meu AP.
Daí deitei, apaguei e acordei as 10h sem nem saber o que fazer novamente.
Consegui comunicar ao trabalho e apaguei novamente.
No outro dia um outro anjo me deixou na casa dos meus pais em Recife.
Há vinte dias estou aqui meio off. Tem dias que acordo e estou bem. Tem dias que nada mexe.
Remédios, perícias, consultas, mimos dos pais, da sobrinha, das tias, da babá e de um médico que só pode ser Deus mandando um anjo pra cuidar de mim materializado num jaleco. Esse anjo de primeira hierarquia. Que cuidados!
Eu estava com vontade de escrever faz tempo, mas nem a mão obedecia os pensamentos, minha dor impedia minha gratidão.
Um mosquito me tirou do ar, me paralisou, mas não conseguiu me tirar essa aura que se formou de cuidados, me blindando do melhor remédio: amor.
Gratidão, anjos existem!

Simone Xavier

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