sábado, 24 de junho de 2017

A pessoa vai pro chuveiro e liga a tv bem alta porque tá o SPC cantando as músicas do seu tempo.
E na chuveirada levo na cara: Quero te abraçar, quero te beijar... 
E o que escorre é água do chuveiro ou o oceano dos olhos?


Simoninha Xavier

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Liguei o FODA-SE!


Peito grande, coxa grossa, panturrilha grossa, baixinha, bundão, sempre fui assim...
Na adolescência sofri bastante com a aceitação do meu corpo, e olhe que a exigência não tinha o nível de hoje, fitness, vegano, vegetariano, etc. etc. etc.
Mas sempre fui elogiada pelas roupas que usei, pelo estilo, pelas bijous, balangandãs, anéis, berloques e tals...
Quando adulta tomei toda consciência do meu corpo, do meu potencial como mulher e como ser humano. Uma roupa não me define, o que me define é o que sou. Uma grife não me define, o que me define é o meu olhar. O meu sorriso. A minha atitude...
Recentemente numa festa de trabalho estávamos numa rodinha de colegas e chamei um deles pra abrir o salão. Era um arraial de São João. Amo dançar e o convidei pra dançar um xote.

E pimba! O moço responde: - O salão já tá aberto e se eu gostasse de gente gorda, eu seria Botero (artista colombiano que esculpia gordinhos). Gordofobia em pleno ambiente de trabalho?
Preconceito em pleno ambiente de trabalho? Na academia? Lugar de pessoas inteligentes.
Na hora, como há tempos não acontecia, fiquei sem ação. Muda. Não reagi e fiquei até bem, talvez inconsciente, mas tranquila. Depois de dias, me liga um ex-namorado, que achou uma foto antiga e começa a relembrar nossa história e a dizer que curtia muito meu físico.
No dia seguinte, encontro um affair no almoço de surpresa e ele me pergunta se estou mais magra, informo que não, pois há tempos não tenho feito dieta.
Por pura coincidência o encontro novamente no outro dia e ele repete que estou mais magra, pois está achando minha bunda menor... kkkkkk

Então me veio a mente o fora que levei, o susto do tratamento do colega e uma colocação de algum pensador aí: A beleza está nos olhos de quem vê.
Eu me amo, gosto de mim como estou, me visto todos os dias para trabalhar me olhando no espelho e gostando do que vejo, da mulher que sou e da vida que tenho.
Se meu peso incomoda a alguém, eu vou ligar o FODA-SE e usar quantas vezes forem necessárias.

Tenho saúde, apesar do joelho podre, tenho pernas, braços, olhos, sentidos e vejo muita graça em viver, ou seja, sou perfeita, sou grata a Deus pela minha existência e por tudo que tenho.
Meu irmão falecido me chamava de gorda e era como bálsamo pros meus ouvidos. Nunca me incomodou, quando me chamava pelo nome, algo estava errado ou estava bravo comigo. Quanta saudade de ser chamada de gorda daquele jeitinho!

Eu não preciso ser a mais linda do mundo. Sempre esbarrei nos rapazes que gostaram de como sou. Exatamente como sou.
E o peso desse comportamento acreditem, não está no meu corpo.

A consciência da minha beleza é um peso que não está no meu corpo.
O peso de ser livre é muito maior.
O peso do olhar dos preconceituosos é muito maior.
Sou leve quanto a isso!
Sou leve e livre sobre meu peso!

Simoninha Xavier


quarta-feira, 14 de junho de 2017

As palavras tem força e sentimentos também

Para a palavra dita não há volta.
O que está dito reverbera.
Só sei que tem um eco aqui... aqui, aqui, aqui, aqui, aqui...

Simoninha Xavier

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A ilha

Esse dia não foi mesmo feito para mim. 
Pouquíssimas vezes pude usufruir dele como queria. 
Todos os anos fico bem triste, bem pensativa, o "SE" me toma o dia inteiro e a melancolia aparece.
É somente com o 12 o problema, e não me digam que isso está dentro de você, que é uma data comercial, que bla bla bla, que nunca resolve...
Não estou nele há anos e não me canso de querê-lo.
Esse ano tava com esperança que fosse diferente, não sofri na prévia me ocupei com duas atividades e me encheram previamente o dia. Estava até distraída, juro!
Estava até em paz, fui dormir em paz, com as dores físicas que me tomam toda noite,como de costume, com o riso amarelo de uma piada enviada por um amigo a tarde, com a declaração de que odeia o dia de outro, mas em paz...
E pimba!!!! 

Acordo e monstruosamente ele vem, ele me avisa: ei seu dia dia vai ser ruim sim. Bem feito, quem mandou não ficar em alerta! Quem mandou não se cuidar! Bem feito, bem feito, bem feito!
E eis ele aqui, igualzinho ao ano de 1990 e todos que se seguiram, você tá aí... tá sim, só você. Somente você, quem manda!
Pior do que esperar por um dia ruim é esperar que seja bom e levar a rasteira.
Agora ande, viva, exista, amanhã é dia 13 e tudo quem sabe volta ao normal...
#xatiada
Por que meu coração é uma ilha a centenas e milhas daqui...


Simoninha Xavier

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Qual o seu arraial?

É o colorido das bandeirinhas.
O cheirinho das fogueirinhas.
A animação.
As lojas cheias pra comprar a roupa e o sapato novo pra aguentar o arrasta pé.

O barulho dos estalos e pipoco dos fogos.
Em junho tudo fica quadriculado, seja nas camisas dos moços ou nos vestidos das moças.

A chitas vestem até as paredes, as palhas de coqueiro descem do alto e viram palhoção.
E o cheirinho que vem do fogão? Nossa! uma delícia...
O gosto quente das pamonhas, e dos pés-de moleque, forram o bucho desse povo que precisa de energia para cair no forró.

O cheiro acanelado das canjigas e munguzás, que exalam das cozinhas são doces lembranças.
Sentiram agora esse cheirinho? Eu aqui escrevendo senti...
Seja no paito, seja no quintal, seja no sítio, cada um tem um arraial dentro de si.
Cada nordestino guarda dentro de sim uma fogueira e um lugar onde quer ir ou sempre voltar.

Para pra se acocorar e assar o milho, para pular das cobrinhas que as crianças soltam ou correr dos buscapés que perseguem quem tem medo deles.
As quadrilhas matutas pouco se vê, mas elas também compõem o que somos dos festejos.
E as adivinhações quem não fez? Todas que fiz, da só saíam a letra F, kkkkkk... Acho que é de "ficar sozinha" ha ha ha...
Os encontros, os enca
ntos que essa festa proporciona se transforma na melhor época do ano.

O som dos trios de sanfona, zabumba e triango é tão encantador, é impossível ficar parado.
Desconfio de quem não gosta de forró, roubando de algum poeta aí eu diria: ou é doente da cabeça ou doente do pé.
O rela bucho, o fungado no cangote, o cantarolar no ouvido enquanto segue os ritmos do baião ou xote, balanceiam qualquer um minha gente!
Se eu começo, só paro quando o joelho trava, ops, esqueço que ele já travou há muito tempo, kkkk ...
Mas que me animo, ah me animo!

Mas só me animo se falar de mandacaru, de amor, do meu sertão, do meu povo ou dos meus pesares.
As tais que falam pra eu beber, cair e levantar, me recuso.
Quero mesmo é a pureza dúbia de "Talco no salão" ou da "Severina xique-xique".
Quero o som do "eu fiz uma fogueirinha, esperando meu amor"... Salve, salve Assisão!
Ainda bem que vivi esse cheiro de terra que minha terra tem, ainda bem que senti o cheiro da canela vaporizando na canjica, ainda bem que fiquei de calo no dedo de amarrar pamonha, ainda bem que as vezes ralei o dedo em vez do milho. Ainda bem que meu vô ouvia a ave maria sertaneja ao pé do rádio a noitinha.
Que junho venha com o que for possível de Santo Antônio, São João e São Pedro pra nós. 

Hoje moro no melhor lugar para estar nessa época, apesar de saber que o legítimo arraial é o que está dentro de mim.

Simoninha Xavier







quinta-feira, 1 de junho de 2017

20:8, a moça desidratou de chorar

Que tempo se leva para adoecer?
Qual o motivo se precisa para isso?
20:8 somente pela febre?
20:8 somente pelas náuseas?
20:8 somente pelas dores nas costas?
20:8 somente pela espera de ser feliz?
20:8 é o preço que se paga por se viver tudo pelo coração.
Aí vem uma amiga! Um pedido de socorro!
Um salvamento.
Uma espera numa ala de hospital e o normal vai voltando.
Mas o que é normal?
12:8? Que preço terei que pagar por essa normalidade?
13:9? Nada que num possa ficar meio baixo, meio alta né?
Alguma adrenalina é preciso na vida.
Emoções a mil, uma decepção ali, uma contrariedade aqui e tudo faz subir ou descer essas batidas que fazem barulho por aqui.
A junção mente sã, corpo são, se consegue como mesmo?
A paz que se precisa conservar é para que mesmo?
Hoje o corpo padeceu somente pra fazer companhia a alma já há tempos meio dolosa.
Hoje o corpo gritou o que a alma vem calando.
Falar pra quem?
Gritar pra quem?
Repito! Tem alguém aí?
Nem veia tenho pra isso! Nem veia minha gente! oh!!!
Vem uma, vem outra, amarra garrote, solta garrote, agulha fina, agulha grossa, butterfly, chama outra, chama a chefe, nem sangue sai!
Ela não tem sangue? Como assim?
Já dizem que é sem coração, agora sem sangue?
A moça desidratou, por isso o sangue não escorre!
Mentira!
A moça desidratou de chorar...

Simoninha Xavier

HORA DA VISITA

Todos os dias é assim.
Achava que ela só apareceria no verão ou no calor.
E nesse frio que está hoje eis ela aqui novamente.
Me disseram outro dia que é coisa boa, coisa boa é vê-la alegrando minha sala.
Coisa boa pensar em algo bom.
Ela vem me arrodeia, vai em todos os cantinhos e quando procuro ela já sumiu.
Mas fica um sorriso, fica a paz que a sua beleza traz e fica a vontade de que seja mesmo tudo de bom o que há por vir.
Uma sexta-feira, um friozinho e a despedida do dia é nessa corzinha tão suave.
Que seja suave assim também o fim de semana.

Simoninha Xavier