sexta-feira, 2 de novembro de 2018

SOBRE CÉU

Aqui o dia passa como deve ser.
As horas não tem pressa e as coisas  resistem apesar de tudo.
O galo canta desde as três horas.
Nem fui acordada por ele, eu já estava encantada com luzinhas verdes no quarto há um tempinho.
É, por aqui os vagalumes fazem as vezes dos fogos de artifício.
Correm de um lado pro outro acendendo e apagando como se fosse festa no céu.
Amanhece frio, orvalhado e o dia amarelo com o raio do sol que parece aqui sSbem pertinho.
Passo o dedo numa folha e dá pra escrever meu nome...
Lá dentro, o cheiro do café se junta com o das flores de uma capela, minha  anfitriã vai renovar as flores do seu finado marido... Dia dos finados todos.
Nem fui, fiquei aqui no batente da cozinha admirando essa casinha ao longe e tentando pensar quão rica deve ser a vida por aqui, cheia dessas cores e sensações que não sentimos na urbe do dia a dia.
Galos, guinés, seriguelas em flor e o horizonte dessa vista.
Lá longe ouço o som de um rádio, que toca Luiz Gonzaga e ouço: vem menina pros meus braços..
Não poderia ter trilha melhor para essa manhã, essa imagem, esse momento de contemplação.
Tô no Juá, mas acho que isso aqui deveria se chamar céu.

Simoninha Xavier