terça-feira, 15 de maio de 2012

AS LILIS DE ONTEM E HOJE.


As fêmeas sempre tiveram sua sexualidade proibida.
Quando somos ativas na arte do fazer sexo, somos tratadas como objeto, produto em promoção na vitrine.
É dada, é galinha, puta, nada vale...
Somos cercadas pelo simples fato de sairmos sozinhas... E isso não ocorre apenas em lugares reservados não, é na rua, no barzinho, nos ônibus, no metrô, etc...
Se estiver sozinha, com decotes, shorts, fendas, logo acham que estamos pedindo uma cantada, um beliscão, uma apalpada nos seios ou uma encoxada.
Se acharem que dou para alguém, tenho que dar pra todo mundo, que não tenho o arbítrio da escolha. Se não for santa, se for fogosa, tenho que ser mercadoria pública.
Sempre ouvi dizer que o estuprador é atraído por fartos seios, grossas coxas, grandes panturrilhas, empinadas nádegas, coisas que não pedimos para ter...
Ora pessoal! Levar isso em consideração é considerar ainda que somos mulher-objeto.
O homem de verdade come sim a “sua” mulher, objeto de desejo sim, mas resultado do amor mútuo, seja ela gorda, baixa, alta, bonita ou feia, como celulite ou estrias, mas com afeto e paixão, sendo conivente com o que sua parceira permitir...
Minha querida amiga, todos os dias várias Lilis, serão vitimadas se não fizerem o que fez você, pedindo a cabeça do seu algoz.
Essa luta em nosso país vem de séculos. Quantas nas senzalas tiveram que calar ou morreram sem o direito de lutar ou por não aguentar?
Gostaria que as Lilis de ontem tivessem tido sua coragem e sua força.  Que as Lilis de amanhã se mirassem no seu exemplo de não desistir.
Essa história há um ano me atormenta, como se fosse eu a vítima, me atormenta como se eu fosse culpada por não poder ajudar como desejava a não ser com palavras de apoio; atormenta-me por me sentir impotente e possível vítima nas garras de um lobo como esse que sempre se apresenta em bela pele de cordeiro.
Que a partir dessa vitória, muitas Lilis agora tenham coragem, determinação e mostrem a verdade acima de tudo, mesmo passando por humilhações, mesmo passando por julgamentos, mesmo tendo o medo da dúvida.

Dedicado a você... Lilian Melo

Simoninha Xavier

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MAMIS


Somos idênticas, todos dizem, alguns nos confundem, outros acham que sou ela... na aparência, na voz, no temperamento, enfim, somos cópia uma da outra.
As vezes me pego fazendo coisas que realmente são dela. Coisinhas criativas, coisinhas gostosas, coisinhas de arte, coisinhas pelos outros(melhor qualidade dela)...
Ai! essa semana passei o susto da perda mais uma vez...Ela veio pertinho e se foi, graças a Deus. Isso deve ser porque eu estava descuidada, ressentida, malcriada ou algo desse tipo e tava sem perceber o quão fundamental é a sua existência no meu viver, no meu caminhar, no meu aprendizado e na minha fonte de criação.
Tanta simplicidade e tanta sofisticação, tanta beleza no rústico, tanta  certeza na fé e tanta coragem de viver e tanto exemplo, Ave Maria...
Brava sim, mas justa sempre; impaciente agora, mas sempre foi ternura, guerreira na vida, na saúde e no trabalho, um exemplo de mulher.
Não adianta sou mesmo quase tudo dela, mesmo não aceitando, porque até nos defeitos temos algo parecido, isso tenho que admitir...
Sempre fez os vestidos mais lindos que uma mãe pode fazer pra uma filha, mesmo eu sendo a filha de nº 4...Tenho lembranças lindas desse cuidado.
Sua amizade, prontidão e afago sempre me alimentam e me renovam mãe.
Ela é tão mãe que não se contentou em ter só seus filhos, ainda criou um que só se tornou seu aos quase 40 anos.
Tudo que sou, tudo que sei, tudo que acredito e desejo, veio dessa fonte e fortaleza que se chama Lindinalva, que ora chamo, véa, ora chamo mamis, mas que amo mesmo, é quando ligo pra ela e pergunto quem fala? Ela diz - É a mãe!!!!!...

Simoninha Xavier

domingo, 6 de maio de 2012

O SER...TÃO... AFOGADOS DA INGAZEIRA

Não vi nenhuma ingazeira!
Vi goiabeira, bananeira, aroeira e macambiras florindo em plena seca. 
Uma vegetação um pouco cinza(que em tempos atrás era minha cor preferida), vi os verdes teimosos se tornarem musgo, claro ou petróleo, verdes de todos os tons, verdes teimosos sim, teimosia herdada do povo sertanejo, que mesmo com o calor, admira o céu azul, como Seu Adelmo, pai da minha amiga, um azul que nunca mais tinha visto no céu, sem nenhuma nuvem, sem nenhuma cinza, e ele me diz: - Hoje vai o dia está para praia Si. kkkkkkkkk
frase que resulta do globalismo selvagem. Um sertanejo sessentão dizendo que o dia vai dar em praia... Ora o máximo que poderia dar era em banho de cuia no fundo daquele quintal tão cinza quanto os 256 quilômetros percorridos até aquela casinha tão simples e tão acolhedora.
Sempre soou suavemente aos meus ouvidos que o povo sertanejo era um povo sofredor, mas era forte e acolhedor.
Pude sentir isso, mesmo com a vegetação sofrida, gados magros em pele e osso pela estrada, vi meninas vestidas iguais a da capital para ir apenas comer uma pizza na praça mais chique da cidade. Vi vestidos de casamento, num noivado, vi tudo igual no comportamento da nova geração, porém na atitude da geração anterior a mim, vi brilho no olho, alegria em receber, alegria em encher uma mesa com o melhor arroz mexido da cidade, sem contar na quantidade de garrada de skins na suas variedades, laranja, cola e guaraná...
Ah e de sobremesa o que sempre chamei por dudu era servido como tubiba de morango, biscoito, banana com uva e coco.... Eu claro atirei-me no de coco, esquecendo a dieta e a consequência do meu ato.
E o melhor dessa minha astúcia, foi poder chupar a tal tubiba de coco, sentada numa pedra, no quintal citado acima, vendo o movimento de um camaleão, que me fez terminar a tarde do domingo vendo realmente quais cores o sertão tem....

As cores que tem Afogados da Ingazeira.

Simoninha Xavier