As fêmeas sempre tiveram sua sexualidade proibida.
Quando somos ativas na arte do fazer sexo, somos tratadas
como objeto, produto em promoção na vitrine.
É dada, é galinha, puta, nada vale...
Somos cercadas pelo simples fato de sairmos sozinhas... E
isso não ocorre apenas em lugares reservados não, é na rua, no barzinho, nos
ônibus, no metrô, etc...
Se estiver sozinha, com decotes, shorts, fendas, logo acham
que estamos pedindo uma cantada, um beliscão, uma apalpada nos seios ou uma
encoxada.
Se acharem que dou para alguém, tenho que dar pra todo
mundo, que não tenho o arbítrio da escolha. Se não for santa, se for fogosa,
tenho que ser mercadoria pública.
Sempre ouvi dizer que o estuprador é atraído por fartos
seios, grossas coxas, grandes panturrilhas, empinadas nádegas, coisas que não
pedimos para ter...
Ora pessoal! Levar isso em consideração é considerar ainda
que somos mulher-objeto.
O homem de verdade come sim a “sua” mulher, objeto de desejo
sim, mas resultado do amor mútuo, seja ela gorda, baixa, alta, bonita ou feia,
como celulite ou estrias, mas com afeto e paixão, sendo conivente com o que sua
parceira permitir...
Minha querida amiga, todos os dias várias Lilis, serão
vitimadas se não fizerem o que fez você, pedindo a cabeça do seu algoz.
Essa luta em nosso país vem de séculos. Quantas nas senzalas
tiveram que calar ou morreram sem o direito de lutar ou por não aguentar?
Gostaria que as Lilis de ontem tivessem tido sua coragem e
sua força. Que as Lilis de amanhã se
mirassem no seu exemplo de não desistir.
Essa história há um ano me atormenta, como se fosse eu a
vítima, me atormenta como se eu fosse culpada por não poder ajudar como
desejava a não ser com palavras de apoio; atormenta-me por me sentir impotente
e possível vítima nas garras de um lobo como esse que sempre se apresenta em bela
pele de cordeiro.
Que a partir dessa vitória, muitas Lilis agora tenham
coragem, determinação e mostrem a verdade acima de tudo, mesmo passando por
humilhações, mesmo passando por julgamentos, mesmo tendo o medo da dúvida.
Simoninha Xavier