segunda-feira, 8 de abril de 2013

O AMOR NOS TEMPOS DO COLE(I)RA


Há tempos que observo a cólera das pessoas, uma ira coletiva. Uns de um lado, outros contrários a um lado que não se sabe bem se é do mal ou do que é...
Portanto essas mesmas pessoas colocam coleiras umas nas outras rotulando um indivíduo ou outro.
Em mim é mais triste ver esse ódio proliferando, essa intolerância, do que eu me incomodar com duas mulheres que vão na minha frente trocando carinhos, na cadeira da frente do ônibus.
Dizer que sempre fui assim, livre do preconceito é mentir, mas fui percebendo que o preconceito nos tolhe, ele diminui nossas afeições, aumentam nosso rancor, minam nossas relações de afeto e principalmente, nos afasta do que realmente somos.
Esse ódio coletivo que vejo por aqui tem me afligido bastante. Uma pessoa vê outra xingando um determinado grupo e se acha no direito de responder com as mesmas ofensas. Nisso se constrói o hábito de fazer justiça com as próprias mãos, o olho por olho X dente por dente...
Tem algo errado sim, mas ir contra o erro com outro erro, geram atitudes cada vez mais violentas. E para mim o caminho é o AMOR!
E como encontrar o AMOR entre tanta cólera, tanta ira, tantas coleiras?
Fazer guerra para conseguir a Paz, sempre vitima os indivíduos, sejam eles culpados ou inocentes...
Se não aceitamos as condições uns dos outros, que pelo menos possamos não impedir a luta do outro, que possamos pelo menos lutar pela falta de tolerância, pelo orgulho que tanto nos toma,  achando que o outro é diferente.
Que toda essa coisa feia que tenho visto e me assustado de ler dê lugar a harmonia ou senão a democracia, para sermos livres de fato, de direito e de sentimentos...
Hoje sou fazer parte dessa luta, quero que meus amigos gays tenham direito a educação, a saúde, a família(seja ela qual for), ao lazer, e principalmente andar livre pelas ruas da sua cidade sem ter que ser vítima dos donos da verdade.
Coisa boa é amar, melhor ainda é amar e ser amado, independente de cor, raça, credo ou opção sexual. Alguém já falou que não se ama pelo que o outro é, mas pelo que somos quando estamos com o outro.
Prefiro ver dois homens de mãos dadas do que ver namoros camuflados, casamentos frustrados e relações minadas pelos vírus da desfaçatez e dos machões batendo no peito dizendo aberrações... Prefiro ver a cantora famosa assumindo na TV sua relação homoafetiva, do que ver colegas enrustidos dando deslizes no dia a dia nas repartições e barzinhos por onde frequento.
O que importa é o amor!
Deus é amor!
Atire uma pedra quem não tiver pecado hein?
Que essas coleiras sejam extintas e possamos de fato nos dirigir ao outro como irmão e semelhante, nos levando a caminhos novos e mais belos.
Fernando Pessoa já dizia:
Há tempos é preciso abandonar as roupas usadas... e esquecer os nossos caminhos que nos levam para os mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousar-mos fazê-la ficaremos para sempre, à margem de nós mesmos.
FAÇAMOS A TRAVESSIA ENTÃO!
E viva o AMOR!
Sem Cólera
Sem Coleiras
Sem iras

Simoninha Xavier