sábado, 21 de julho de 2012

O CORINGA: O MAL X O BEM


Tenho verdadeira fascinação por filmes de super-heróis. Fico ansiosa pela estreia sempre que sei de algum lançamento. É sabido que esse universo do bem e do mal sempre circula nossa mente. Através dessas ficções criamos os heróis reais ou tomamos conhecimento deles. Nossa! Meu pai foi o primeiro, uma admiração incrível pela força, honestidade, bom senso nas horas de emergência e senso de justiça em casos distintos, junto a sua não menos heroína, a minha mãe, que forma quase uma liga da justiça com ele. Daí vem os parentes que se aproximam de você para mostrar um mundo de sons, cores, letras, como foi o caso do meu Tio Nado, herói criado por mim durante minha infância e adolescência, que me apresentou a arte nas suas melhores formas, conteúdos e sons. Isso tudo construiu a espectadora eclética e de bom gosto a qual me tornei hoje, modéstia a parte. Depois vêm os heróis no âmbito profissional, pessoas que nomeamos assim pela garra, pelo comportamento ético e moral, pela atitude proativa, inventiva e transformadora, como encontrei muitos no caminho. Com esses exemplos reais passei a acreditar no bem como vencedor, na justiça, nas leis, na ética, na gentileza que gera gentileza e principalmente nos homens simples, heróis reais.
Há uns quinze dias atrás fui assistir ao Espetacular Homem Aranha e vi o super-herói por várias vezes tirar sua máscara e ficar dividido entre seguir o bem ou os seus instintos muitas vezes tomados por outros sentimentos, porém na ficção a responsabilidade, o compromisso e a verdade venceram. Além de prestar atenção em figurino, roteiro, efeitos especiais, trilha sonora, etc., você sai um pouco com a esperança de quem sabe o mundo pode ser mesmo como um filme, o mal ser abatido por pessoas de bem. Na ocasião já assisti também ao trailer do filme Batman, o cavaleiro das trevas e já fiquei na quimera de chegar o dia 27 aqui no Brasil para que eu estivesse na poltrona G4, minha preferida para ver filmes em paz sem ninguém me incomodar com pés batendo, chutando atrás de mim. Eis que vem o choque de realidade com sua estreia americana: UM MASSACRE. O mal tomando conta do que é mais belo: a vida de pessoas “inocentes”. O que faz um homem se vestir de vilão e cometer tal atrocidade? Isso me deixa insone, me deixa medrosa, porque pode acontecer a qualquer um de nós e em qualquer lugar. Quem em sua sã consciência vai pensar que indo ao cinema irá ser brutalmente assassinado. Começam os questionamentos: Por quê? Qual a causa? Quem era esse ser? Enfim! O que pensam os psiquiatras, psicólogos, a segurança pública, os governantes, as instituições religiosas e as pessoas comuns? Como é escrevendo que faço meus desabafos, eis o motivo de voltar ao meu blog depois de dois meses de ausência. Meu desabafo aqui é para dizer que mesmo que a violência da ficção se confunda com a violência real, as pessoas atentem que apesar de tudo a culpa das mortes desses inocentes não é do filme de Christopher Nolan, isso seria assassinar também a arte.
Será que o filme incita a tal violência? Ora, se foi tudo premeditado! O rapaz que cometeu o crime em questão já tinha um arsenal em sua residência, era um doutorando em Neurociências, foi ao cinema com tudo pronto.  Atrelar a razão ao filme, repito, é atentar contra a sétima arte. Tenho o cinema como a minha arte predileta, ir assistir a um filme representa uma magia que resulta em conhecimento, vivências, transformações e interferências legítimas em meu viver, porém as positivas. Passar quase cinco anos sem ter uma sala de cinema na minha cidade foi insuportável. Fico imaginando como está se sentindo também o diretor do filme, que por tabela também é possível culpado, hein? Mas como amadora da telona que sou e aficionada por suas estórias, acredito piamente que sua intenção é mostrar que o bem DEVE vencer o mal sempre. Mesmo em situações limites, irracionais e inexplicáveis, bizarras.
E para o dia 27 continua minha espera, quero ver o Batman: O Cavaleiro das trevas ressurgindo e reafirmando isso. Se a realidade vez por outra não é tão bonita quanto deveria ser, pelo menos no cinema ainda posso ver isso. Rezemos pelas vítimas, rezemos por quem ficou com suas perdas e principalmente rezemos para que mais vilões como esse não saiam de casa destruindo as felicidades alheias e rezemos também pelos familiares desse vilão, que não pretendiam educar seu filho para que ele se tornasse o CORINGA.
A magia do cinema nunca confundiu o que aprendi dos meus super-heróis reais e nunca vai confundir. O que ela consegue é encher o meu imaginário e a partir disso o que eu puder aliar ao real, será válido. Não é o enredo de um filme que vai discernir como lidar com minhas frustrações e sim o meu caráter e os valores que herdei da educação dos meus heróis legítimos: os meus pais; os exemplos do meu querido tio e dos amigos e profissionais que encontrei pelo caminho.
Para concluir esse texto vou reutilizar um texto que fiz há anos atrás que concretiza meu pensamento:
Não fiquei indiferente as encruzilhadas que cruzei,
pois sou parte dos livros que li,
dos filmes que vi,
das músicas que ouvi,
das poesias que senti,
dos beijos que dei e dos que não dei,
sobretudo dos que não dei.

Enfim! Minhas atitudes são responsabilidades minhas, sejam elas do bem ou do mal.

Simoninha Xavier