Tenho verdadeira fascinação por
filmes de super-heróis. Fico ansiosa pela estreia sempre que sei de algum
lançamento. É sabido que esse universo do bem e do mal sempre circula nossa
mente. Através dessas ficções criamos os heróis reais ou tomamos conhecimento
deles. Nossa! Meu pai foi o primeiro, uma admiração incrível pela força,
honestidade, bom senso nas horas de emergência e senso de justiça em casos
distintos, junto a sua não menos heroína, a minha mãe, que forma quase uma
liga da justiça com ele. Daí vem os parentes que se aproximam de você para
mostrar um mundo de sons, cores, letras, como foi o caso do meu Tio Nado, herói
criado por mim durante minha infância e adolescência, que me apresentou a arte
nas suas melhores formas, conteúdos e sons. Isso tudo construiu a espectadora
eclética e de bom gosto a qual me tornei hoje, modéstia a parte. Depois vêm os
heróis no âmbito profissional, pessoas que nomeamos assim pela garra, pelo
comportamento ético e moral, pela atitude proativa, inventiva e transformadora,
como encontrei muitos no caminho. Com esses exemplos reais passei a acreditar
no bem como vencedor, na justiça, nas leis, na ética, na gentileza que gera
gentileza e principalmente nos homens simples, heróis reais.
Há uns quinze dias atrás fui assistir
ao Espetacular Homem Aranha e vi o super-herói por várias vezes tirar sua
máscara e ficar dividido entre seguir o bem ou os seus instintos muitas vezes
tomados por outros sentimentos, porém na ficção a responsabilidade, o
compromisso e a verdade venceram. Além de prestar atenção em figurino, roteiro,
efeitos especiais, trilha sonora, etc., você sai um pouco com a esperança de
quem sabe o mundo pode ser mesmo como um filme, o mal ser abatido por pessoas
de bem. Na ocasião já assisti também ao trailer do filme Batman, o cavaleiro
das trevas e já fiquei na quimera de chegar o dia 27 aqui no Brasil para que eu
estivesse na poltrona G4, minha preferida para ver filmes em paz sem ninguém me
incomodar com pés batendo, chutando atrás de mim. Eis que vem o choque de
realidade com sua estreia americana: UM MASSACRE. O mal tomando conta do que é
mais belo: a vida de pessoas “inocentes”. O que faz um homem se vestir de vilão
e cometer tal atrocidade? Isso me deixa insone, me deixa medrosa, porque pode
acontecer a qualquer um de nós e em qualquer lugar. Quem em sua sã consciência vai
pensar que indo ao cinema irá ser brutalmente assassinado. Começam os
questionamentos: Por quê? Qual a causa? Quem era esse ser? Enfim! O que pensam
os psiquiatras, psicólogos, a segurança pública, os governantes, as
instituições religiosas e as pessoas comuns? Como é escrevendo que faço meus desabafos,
eis o motivo de voltar ao meu blog depois de dois meses de ausência. Meu
desabafo aqui é para dizer que mesmo que a violência da ficção se confunda com
a violência real, as pessoas atentem que apesar de tudo a culpa das mortes
desses inocentes não é do filme de Christopher Nolan, isso seria assassinar também a arte.
Será que o filme incita a tal violência? Ora, se foi tudo
premeditado! O rapaz que cometeu o crime em questão já tinha um arsenal em sua
residência, era um doutorando em Neurociências, foi ao cinema com tudo
pronto. Atrelar a razão ao filme, repito,
é atentar contra a sétima arte. Tenho o cinema como a minha arte predileta, ir
assistir a um filme representa uma magia que resulta em conhecimento,
vivências, transformações e interferências legítimas em meu viver, porém as positivas.
Passar quase cinco anos sem ter uma sala de cinema na minha cidade foi
insuportável. Fico imaginando como está se sentindo também o diretor do filme,
que por tabela também é possível culpado, hein? Mas como amadora da telona que
sou e aficionada por suas estórias, acredito piamente que sua intenção é
mostrar que o bem DEVE vencer o mal sempre. Mesmo em situações limites,
irracionais e inexplicáveis, bizarras.
E para o dia 27 continua minha espera, quero ver o Batman: O Cavaleiro
das trevas ressurgindo e reafirmando isso. Se a realidade vez por outra não é
tão bonita quanto deveria ser, pelo menos no cinema ainda posso ver isso.
Rezemos pelas vítimas, rezemos por quem ficou com suas perdas e principalmente
rezemos para que mais vilões como esse não saiam de casa destruindo as
felicidades alheias e rezemos também pelos familiares desse vilão, que não pretendiam educar seu filho para que ele se tornasse o CORINGA.
A magia do cinema nunca confundiu o que aprendi dos meus
super-heróis reais e nunca vai confundir. O que ela consegue é encher o meu
imaginário e a partir disso o que eu puder aliar ao real, será válido. Não é o
enredo de um filme que vai discernir como lidar com minhas frustrações e sim o
meu caráter e os valores que herdei da educação dos meus heróis legítimos: os meus pais; os exemplos do
meu querido tio e dos amigos e profissionais que encontrei pelo caminho.
Para concluir esse texto vou reutilizar um texto que fiz há anos
atrás que concretiza meu pensamento:
Não fiquei indiferente as encruzilhadas que cruzei,
pois sou parte dos livros que li,
dos filmes que vi,
das músicas que ouvi,
das poesias que senti,
dos beijos que dei e dos que não dei,
sobretudo dos que não dei.
Enfim! Minhas atitudes são responsabilidades minhas, sejam elas do bem
ou do mal.
Simoninha Xavier