quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A LAVADEIRA DA ALMA


Desde que pisei em Caruaru para aqui viver, já se vão sete anos e nove meses e nesse primeiro dia, conheci Maria, que se tornou minha lavadeira desde que morei num hotel da cidade.
A doce, afobada, forte e pura Maria pega minha roupa suja num dia e oito dias após me entrega cheirosa, macia e pronta para a batalha de novo.
Ela tem três ajudantes, um mototaxista que traz minha trouxa de roupa para onde quer que eu me mude em Caruaru, a sua filha albina, Dayse a quem carinhosamente eu e Benedito Araújo, chamamos de Sivuca e o filho Leandro, que vi pequenino(apaixonado por mim, segundo a mãe) que hoje é um homem danado de atraente e encantador... kkkk
Ela, a Maria! Acabou de sair daqui, comumente é algum dos filhos que traz a trouxa, raramente ela vem e quando vem é uma alegria só. Desabafa seus problemas, solta as queixas da filha, sem esquecer as do filho e assunta sobre minha vida. Se preocupa com meus dias, se estou bem e um monte de coisas, enquanto isso o motoqueiro lá embaixo do prédio a esperar que matemos a saudade uma da outra.
Ela fala: Meu Deusi Simone, tua vida é muito corrida...
Fala também: Quaje nunca nois se vê...
Mas é uma lição de vida. De dia trabalha como babá e faxineira, cuidando de dois bebês e a noite se dedica a deixar minhas roupas lindas e cheirosas.
Hoje ela me falou uma coisa que fiquei encantada: Simone, você parece bruxa, num sei que vai ser de mim, se tu deixar de lavar roupa comigo. Eu lavo com tanto gosto, tenho tanto orgulho que tu me contratasse, num me abadona nunca visse. (adoro quando ela fala o verbo abandonar, usando ABADONAR)... E me deu um lindo e doce sorriso e disse: Ei tu vai pra Boa viagem né? andar naqueles trios animados do Ricife... kkkkk

Moral da história: Não sabe ela que eu preciso mais dela do que ela de mim...
Ah, minha doce Mariazinha, essa é minha lavadeira de alma, isso sim...

Simoninha Xavier

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